Que saudades... Já sentia falta de escrever alguma coisa aqui no Otário d'Ouro, mas tenho uma boa desculpa para tamanha ausência: Compra de uma casa.
Não sei se vocês sabem o complicado que é comprar uma casa, mas é realmente um martírio.
Desde visitar mais de 53 casas com um senhor de 97 anos a cair de podre e de bêbado, até ter que saltar por algumas janelas para conseguir ver o interior dos imóveis, tudo acontece nesta fase.
Depois de escolhermos a bendita casa, vamos tratar do empréstimo... não que eu precise, mas porque gosto de contribuir para a riqueza das nossas instituições bancárias. Juntamente com a dúvida da avaliação e o impasse do empréstimo, está o terror de qualquer aspirante a pagador de empréstimo bancário... exames médicos.
Estava eu na sala de espera, para fazer o raio dos exames, quando ouço dois homens á conversa:
"- Isto de fazerem o toque rectal por tudo e por nada ? uma porcaria."
"- Mas eles agora fazem sempre isso???"
"- Fazem sempre que o valor do empréstimo ultrapasse X." (Claro que para mim, X era exactamente o valor do empréstimo que eu ía pedir)
Quando entretanto chamam o meu nome, entro e a primeira coisa que faço é olhar para as mãos daquele médico de 1,90m. Tudo o que me perguntava eu respondia a tremer, até que me diz: "Bom, vamos a isto?!", eu começo a despir as calças e debruço-me na marquesa, passados 2 minutos de suspense, desespero e nada aconteceu, até que ouço: " Eu não sei o que lhe disseram, mas eu sou casado e bem casado, por favor vista as calças, comporte-se que eu só o quero auscultar."
Sim, agora já sei que só apartir os 40 anos é necessário o famoso toque rectal (para quem não sabe, o toque rectal consiste na introdução de 1 ou mais dedos do médico no... no... no rabo, no anus, no befe, no cú do desgraçado, para efectuar a apalpação da próstata.
O empréstimo é concedido, falta a escritura que é marcada no único dia da semana que não vos dá jeito. Na mesa estão o representante do banco, o representante do construtor, o representante do conservador e vocês, que bem vistas as coisas são os únicos verdadeiros, são os únicos que não estão a representar ninguém nem a serem representados, portanto deveriam estar á vontade... mas não estão. Vocês estão a rezar para que nada falte, nenhum papel, nenhuma assinatura, nenhum número ou letra. O representante do conservador começa a debitar mais e 768 palavras por minuto, vocês tentam acompanhar mas mesmo que não percebam não vão interromper pois isso poderá alterar de forma irreversível todo o percurso da escritura, então no fim vocês dizem: "Sim está tudo correcto", e esta é uma das duas frases que vocês têm direito a dizer, a outra é: "O CHEQUE vai em nome de...?"
Depois da escritura ficamos com um misto de sentimentos, alívio por tudo ter acabado e grandeza por pela primeira vez ter passado um cheque com tantos algarismos e revolta por o banco não se ter enganado no valor... para mais, obviamente.©
Comente...