terça-feira, maio 25, 2004

Dia do casamento, dia de tormento

Poucas coisas me irritam tanto como os casamentos, é o stress de acordar cedo, é a mesa com os rissóis e os pasteis de bacalhau, são aqueles tios e primos de França e da Alemanha que só os vemos em casamentos e funerais e trazem sempre os mesmos fatos e nos dizem sempre as mesmas coisas "tás tão crescido…tás um homem." São aqueles putos irritantes que andam sempre a correr pela casa e pisam-nos os pés que já estão doridos por causa dos sapatos novos. São tios do norte que estão a discutir, porque ainda são 10 da manhã e ele já começou a beber. É a prima que se lembrou de trazer uma roupa toda transparente só para provocar o namorado que para além de pedreiro treina culturismo e faz questão de provar isso mesmo, ao estar constantemente de braços cruzados com cara de segurança à porta de casa. Como se não bastasse a figura ridícula que estamos a fazer com aquela roupinha, ainda vamos o caminho todo a apitar, tipo passagem de ano para chamar mais a atenção. Na igreja são os telemóveis a tocar, as mulheres a chorar e os putos a gritar. Até que aparece ao fundo uma mancha branca, é a noiva, parece um anjo, mas concerteza deixa as asas no altar, porque depois… No jardim são três horas a tirar fotografias, mais uma hora e meia de caminho para o copo de água. Antes de almoçar bate-se nos pratos 6 vezes, 2 para os noivos e uma vez para os pais dele, para os pais dela, para os padrinhos dele e para os padrinhos dela. O lançamento do ramo é o ponto alto da boda, de um lado a noiva, do outro 30 raparigas puras e singelas que comentam: “deixa-me cá estar bem atrás porque eu não o quero apanhar”, mas mal o ramo sai das mãos da noiva, todas aquelas donzelas transformam-se em abutres e lançam-se ao raio das flores, elas pisam-se, arranham-se, rasgam-se para terem mais uma oportunidade de chegar ao pé do desgraçado do namorado e dizer: "Viste Môr, foi o destino". Agora também é moda o noivo mandar a gravata para os solteiros, aqui acontece o mesmo eles atropelam-se, pisam-se e rasgam-se... mas é para sair dali para fora o mais rápido possível.©
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