Pode ser impressão minha, mas todos os mortos vão de fato e gravata, mesmo aqueles que nunca tiveram nada disso. Então ponho-me a pensar; quem será o desgraçado que vai comprar o fato ao morto:
- "Boa tarde, eu queria um fato escuro, de preferência preto."
- "Qual o número?"
- "Deve ser o 52...por enquanto."
- "Ah, não é para si, é para oferecer?"
- "Sim é mais ou menos isso."
- "Ora cá está, são 400€"
- "Tanto?!? Não tem mais barato?"
- "Tenho, mas nem morto vestia aquilo..."
- "Então é esse mesmo."
- "Está aqui o talão para o caso de troca."
- "Acho que ele não vai protestar..."
Para trabalhar numa funerária não se pode dizer certas coisas como:
- "Bom dia, posso ajudar?"
- "Agora?! Já é tarde..."
Há também a questão da escolha do caixão. Para quê? Eu quero lá saber se é de pinho, nogueira ou esferovite, ainda se tivesse ar condicionado ou fecho centralizado...
O velório é parecido com a "Chuva de Estrelas", mas em versão histérica. Cada uma das beatas trava uma competição feroz com as outras a fim de "incendiarem" todos os presentes. Normalmente quem ganha é aquela que só via o morto de 2 em 2 anos.
No enterro tenho sempre um problema, não sei onde por as mãos. Se ponho atrás pareço um polícia, se ponho à frente pareço um segurança de discoteca e se cruzo os braços parece que estou farto daquilo. A solução é agarrarmos a viúva de 32 anos e dizer coisa deste género: "A vida continua" ou "Tens de ter força" ou melhor ainda "Eu não deixo que vás sozinha para casa."©
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